Controle de resíduos na construção civil

postado em 16 de maio de 2017 | categoria Planejar e fazer

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No Brasil, são gerados em torno de 80 milhões de toneladas de resíduos urbanos sólidos por ano. Desse montante, são reutilizados cerca de 17 milhões. A maior parte é destinada a aterros ou mesmo as ruas. Desde janeiro de 2003, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), por meio da resolução 307, estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos gerados pela construção civil, visando minimizar os impactos ambientais. Ainda assim, na construção civil, apenas uma em cada 5 obras fazem o descarte correto do material.

Construção civil e o impacto ambiental.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente estabeleceu a resolução 307 em uma tentativa de controlar o descarte de resíduos da construção civil e diminuir o impacto ambiental desta indústria. Mesmo tendo grande volume, os resíduos dessa área são considerados de baixa periculosidade. Porém, o descarte incorreto pode gerar problemas ambientais, de saúde pública e de ordem estética. Apesar disso, os índices de descarte adequado são baixos e o material que poderia ser reaproveitado acaba sendo destinado ao lixo.

Para os gestores de obras, o manejo desses despojos pode significar, inclusive, atrasos. A captação e o processamento dessas informações são feitos de forma manual, sem padronização e com muitos dados incompletos. Relatórios finais podem demorar meses para sair, gerando confusão e dor de cabeça para os envolvidos.

Problemas no controle de resíduos

A resolução 307 classifica os resíduos da construção civil em quatro classes, de acordo com suas possibilidades de reaproveitamento e riscos representados. São elas:

  1. Classe A – resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
  2. Classe B– resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
  3. Classe C – resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
  4. Classe D – resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

As classes A e B podem e devem ser reaproveitadas, diminuindo a geração de lixo. Infelizmente, isso acontece em uma porcentagem bem baixa. A classe C é a aquela que tem como destinação os aterros. A classe D representa real risco para a saúde e o ambiente e é imprescindível que seu descarte seja feito de maneira apropriada e segura.

Além do impacto ambiental e das questões estéticas e de saúde pública, a gestão de resíduos pode evitar gastos e prejuízos. Um bom controle leva a menos desperdício nas obras e evita multas como as listadas abaixo:

  • Não elaborar e não arquivar o Plano de Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil: R$1.708,21
  • Não arquivar os Controle de Transporte de Resíduos: R$ 1.494,68
  • Transporte de resíduo sem Controle de Transporte de Resíduos: R$ 960,87
  • Contratar fornecedores não licenciados: R$ 1.200,00

Somadas, essas multas ultrapassam os R$ 5.000,00. Ademais, fornecedores não licenciados e não arquivamento de documentos podem implicar em problemas durante a obra e no futuro da empresa.

O aplicativo NET Resíduos.

Pensando nessa situação, a startup mineira NET Resíduos desenvolveu um aplicativo que controla os remanescentes na construção civil. Formada por duas outras empresas – uma de soluções sustentáveis e outra de tecnologia – a NET Resíduos foi parte do programa de aceleração FIEMG Lab e eleita uma das 12 melhores startups do país pelo programa Inovativa Brasil.

A ideia de criar um aplicativo para controlar o descarte de resíduos veio após observarem que algumas áreas têm dificuldades nesse sentido. Ao padronizar o processo e torná-lo gerenciável para tablet, celular e computador, o programa minimiza danos e acelera o processo de registros e geração de relatórios.

Com uma interface simples, o aplicativo apresenta indicadores de registro de retiradas de resíduos, total de material coletado na obra, índice de segregação e custo médio por m³. Também é possível acompanhar e arquivar os Comprovantes de Transporte de Resíduo (CTR).  O app apresenta índices nas cores verde, amarelo ou vermelho, representando a situação da obra. Oferece, ainda, o recurso de gráficos que mostram a quantidade de resíduos por período, acumulados da obra e destinação. A empresa de tecnologia oferece um treinamento online para quem for operar a plataforma.

Vantagens de controlar o descarte de resíduos.

Um controle rígido dos restos da obra evita problemas, como as multas e a ausência de registro de processos. O descarte de resíduos da construção civil tem sido uma preocupação para construtores e para a gestão pública. Utilizar a tecnologia a favor desse mercado torna as obras e reformas mais seguras e o impacto ambiental menor, favorecendo a todos.

postado por Henrique Castilho

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